Muitas coisas mudaram para o mercado financeiro internacional na última sexta-feira, quando o banco Silicon Valley Bank entrou em colapso em ritmo acelerado, chegando à falência ao final do dia. Mas como uma instituição tão conceituada foi do reconhecimento internacional a quebra em apenas algumas horas?
Neste conteúdo vamos falar sobre a falência meteórica da instituição, suas causas e os impactos que esse cenário pode trazer ao mercado financeiro e internacional.
Vamos lá?
A falência do Silicon Valley Bank
O Silicon Valley Bank é uma instituição financeira americana com sede na Califórnia que fornece serviços bancários e financeiros especializados para empresas de tecnologia, startups e empreendedores. A instituição é conhecida por ser um importante financiador de startups e empresas em estágio inicial e por seu forte apoio ao ecossistema de inovação do Vale do Silício.
Porém, na sexta-feita o cenário tomou outra forma. Após frenéticas 48 horas a grande massa dos clientes da instituição arrancaram depósitos do credor em uma clássica corrida ao banco.
Mas para entender esse cenário precisamos voltar alguns anos atrás, quando o SVB investiu bilhões em títulos do governo dos Estados Unidos, o que na era das taxas próximas de zero, parecia ser uma ótima ideia. Entretanto, o Federal Reserve (FED) subiu suas taxas para conter uma volumosa inflação, tornando o cenário otimista do SVB um grande problema.
O fato é que, quando as taxas de juros subiram, os preços dos títulos caíram, corroendo o valor da carteira de títulos da empresa. Neste cenário, a carteira estava rendendo um retorno médio de 1,79% na última semana, um valor bem abaixo do que seus clientes estavam acostumados com o rendimento do Tesouro em 10 anos de cerca de 3,9%.
Alinhado a isso, as movimentações do Fed elevaram de forma preocupante os custos dos empréstimos, o que significa exigiu das startups de tecnologia, a canalização de dinheiro para pagar a dívida, quanto lutavam para levantar novos fundos de capital de risco.
A compra da subsidiária britânica do SVB pelo HSBC
Três dias após a quebra da falida Silicon Valley Bank, o Tesouro britânico anunciou a compra da instituição pelo HSBC, o maior banco da Europa. A negociação foi concretizada pelo valor simbólico de uma libra (o equivalente a R$ 6,26), motivo de grande polêmica não só na Europa, mas no mundo inteiro.
De acordo com o HSBC, o Silicon Valley Bank detinha empréstimos de cerca de 5,5 bilhões de libras e depósitos no valor aproximado de 6,7 bilhões de libras no dia do fechamento do banco. Então, para amenizar as perdas e prejuízos dos clientes afetados, o Tesouro Britânico garantiu que todos terão acesso às suas contas.
O HSBC cresce a passos largos, mais do que dobrando o lucro líquido no quarto trimestre de 2022, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O valor que saltou para US$ 4,62 bilhões, partindo dos US$ 1,79 bilhão no mesmo período de 2021, atingiu um crescimento espantoso de 158%.
De que forma isso afeta o mercado financeiro mundial?
A grande verdade é que embora o SVB represente uma fatia considerável do mercado,os efeitos da “quebra” foram minimizados pelo FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) e a compra da instituição pelo HSBC.
É claro, um grande efeito cascata ainda está por vir, pois os juros nos Estados Unidos devem permanecer em patamar alto por um período maior, mas a atuação do FED foi rápida o suficiente para amenizar riscos ainda maiores.
A grande expectativa dos especialistas é que a liquidez do comprador (HSBC) mude esse cenário de incertezas e dilua riscos em potencial para todos os clientes. Mas isso não quer dizer que essa crise financeira não traga uma recessão para os Estados Unidos, porque impacta vários outros setores. O crédito fica mais restrito e pequenas empresas terão dificuldade de pegar empréstimo.
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O impacto que pode ter nas startups brasileiras
Após a falência do banco norte-americano de startups, os investidores brasileiros passaram a prestar atenção nas fintechs financeiras do país. Algumas instituições, como o Nubank, a GetNinjas e o C6 Bank, comunicaram que não têm qualquer exposição ao Silicon Valley Bank.
Neste mesmo sentido, especialistas acreditam que os bancos brasileiros de grande porte estejam afastados do problema. Porém, é preciso analisar outro quadro importante: mais de 90% das startups brasileiras offshore, que possuem contas bancárias abertas em países onde há menor tributação, tinham conta no Silicon Valley Bank.
É possível que o socorro oferecido pelo Fed não elimine a possibilidade dessas startups não receberem seus valores deixados no SVB de forma imediata. Entretanto, o que isso significa e os dados do impacto deste cenário para as startups ainda não são conhecidos.
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Os efeitos da quebra do SVB no mercado de câmbio
De acordo com especialistas, o comportamento do banco central da maior economia do mundo pode respingar na política monetária brasileira. Alguns economistas afirmam que um dos motivos para a insolvência do Silicon Valley Bank é a alta nos juros nos EUA. Somando a isso, o posicionamento do governo, as apostas de que o aperto monetário será menor do que o esperado para este ano aumentaram.
Por outro lado, especialistas afirmam que os problemas internos estão pesando mais que o cenário externo para o Banco Central brasileiro. Lembrando que no dia 22 de março, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá para definir o novo patamar da taxa Selic.
Conclusão
O que podemos dizer é que ainda existem muitas questões a serem sanadas, mas para muitos investidores, já era comentado no mercado que o Fed poderia subir os juros até quebrar “algo”.
Agora com as previsões concretizadas, o mundo volta-se ao Fed, com expectativas para que ele se mantenha mais cauteloso ou estável, de forma a desacelerar os danos e evitar novos, porém tudo ainda é incerto.
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