O novo governo mal assumiu, e seus ministérios já estão dando o que falar. Seja pela diversidade de novas secretarias, quanto pela separação de ministérios tidos como “super” originados do último governo.
A bola da vez é o novo ministro da economia, Haddad, que vai gerir em conjunto com Tebet e Alckmin a herança de Guedes. Agora a economia dá lugar ao Planejamento, à Indústria e Comércio Exterior e à Fazenda.
Neste artigo vamos te situar sobre os recentes acontecimentos envolvendo o Ministério da Economia, o ministro Haddad e as visões diferentes compartilhadas recentemente nas pastas.
Boa leitura!
Fim ao superministério de Guedes
O ex-ministro da economia Paulo Guedes se despede do seu posto no governo com um invejado título de superministro. Porém, diferentemente de Delfim Netto e Zélia Cardoso, também chamados de superministros pela imprensa, seus poderes se mostraram ainda mais concentrados, o mais forte desde a redemocratização da República.
Com metas ousadas, Guedes recebeu carta branca de Bolsonaro para escolher sua equipe. Grupo esse que seria responsável por ações como zerar o déficit primário das contas do governo, assim como privatizar a maioria (ou todas) as estatais do país.
Com isso, a fusão de ministérios resultou no superministério da economia, uma junção entre Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio Exterior e Trabalho. Essa união também abriu espaço para a criação de 8 secretarias especiais com temas variados.
Guedes deixa o cargo com avanços rumo ao liberalismo econômico, mas uma agenda de reformas incompleta. O apoio econômico dado ao ex-presidente Bolsonaro em seu mandato resultou em bons olhares do mercado tradicional, ocupando o papel de fiador na mesa de comensais da Faria Lima.
O desmembramento do Ministério da Economia
Com a chegada do ano de 2023 o novo governo já começou a arrumar a casa, desmembrando superministérios, criando novas secretarias e dando adeus a nomes conservadores que já ocupavam alguns cargos. Esse é o caso do setor da economia.
Com a saída de Guedes o superministério se divide novamente, trazendo à frente três novos nomes para as gestões: Simone Tebet (Planejamento), Haddad (Fazenda) e Alckmin (Indústria e Comércio).
A verdade é que ambos assumem os ministérios com visões bem diferentes sobre o desenrolar da economia, mas segundo Tebet, essa parceria “não tem como dar errado”.
Leia mais em: A economia no governo Lula: o que podemos esperar?
Haddad a nova cara da economia brasileira
Não há como negar, Haddad terá muito trabalho pela frente para reduzir o impacto negativo nas contas públicas, mas segundo ele em seu primeiro discurso como ministro, o governo “não aceitará” os R$ 220 bilhões de déficit previstos no orçamento para 2023.
O aumento de 63,7 bilhões para 231,5 bilhões no orçamento incorpora os efeitos da PEC da transição, que abriu espaço para essas despesas por meio da alteração da regra do teto de gastos (que limita a maior parte dos gastos à inflação do ano anterior).
Além dos efeitos da PEC da transição, Haddad afirma que o aumento do rombo fiscal em 2023 estaria relacionado também com medidas eleitoreiras adotadas pela gestão de Bolsonaro.
O ministro defendeu o diálogo, afirmando que não existe “mágica nem malabarismos financeiros” e afirmou que buscará uma “harmonização” entre a política fiscal e monetária (definição de juros pelo Banco Central).
E por falar em Bacen. Com autonomia operacional aprovada, o comando da instituição continuará nas mãos de Roberto Campos Neto até 2024, apontando a necessidade de harmonia entre o BC e a nova gestão. A instituição é responsável por fixar o juros básico da economia, atualmente em 13,75% ao ano, o maior nível em seis anos.
Qual a diferença entre Ministério da Economia e Ministério da Fazenda?
O antes chamado Ministério da Fazenda, utilizou essa nomenclatura até Fernando Collor, ex-presidente do Brasil entre 1990 e 1992, trocar o nome para Ministério da Economia, agregando as funções de administrar os recursos do país e os gastos públicos junto com as funções do Ministério do Planejamento.
Já Itamar Franco, sucessor de Collor, voltou com o nome de Ministério da Fazenda em seu mandato de 1992. Bolsonaro, por sua vez, trocou o nome para “Economia”, que ficou no comando de Paulo Guedes, e ainda incluiu as funções de outros Ministérios: Indústria e Comércio Exterior e Ministério do Trabalho.
Portanto, podemos compreender que a Fazenda se refere aos gastos públicos, enquanto a economia trata dos recursos do país em conjunto com o planejamento.
Tebet e Alckmin: Planejamento e Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Nesta quarta (04) e quinta (05), Tebet e Alckmin tomam posse como ministros do Planejamento e da Indústria e Comércio respectivamente, e as expectativas que lotam seus discursos de posse, também são compartilhados por toda a população.
Até agora os discursos de ambos os ministros sobre suas atuações, a divisão do Ministério e suas parcerias para a atual gestão são otimistas, mostrando que ambos estão realmente empolgados para colocar a mão na massa.
Os impactos no câmbio
O ministro Haddad afirmou que não haverá discussão no novo governo sobre uma meta para a taxa de câmbio. E ainda ponderou que a volatilidade do real é nociva e que a governança nas contas públicas pode estabilizar o cenário dos juros e da moeda.
Haddad ainda anunciou para a imprensa que o Conselho Monetário Nacional –responsável por formular políticas relacionadas a moeda e crédito– será coordenado por ele; a ministra do Planejamento, Simone Tebet; e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Fala que parece fortalecer o plano de equilíbrio entre os ministros e o Bacen.
Leia mais em: Variação cambial: quais fatores podem definir essa oscilação?
Conclusão
O mercado cambial se mostra na mesma expectativa dos demais setores nacionais, aguardando as primeiras medidas econômicas que devem ser divulgadas na semana que vem, com foco na análise das contas públicas.
E quais as suas expectativas para as primeiras tão aguardadas medidas do novo ministro?
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