Engana-se quem pensa que a Guerra entre Ucrânia e Rússia não afeta o cotidiano de países mais distantes como o Brasil, por exemplo. Na realidade, desde que o conflito começou, diversas crises ganharam espaço entre os ocidentais.
Em fevereiro de 2022, enquanto o exército russo iniciava seus primeiros ataques, mobilizando suas tropas para a invasão do território ucraniano, o mundo se mantinha em estado de alerta, temendo a expansão dos conflitos com um possível envolvimento da OTAN.
De lá para cá diversas crises econômicas passaram a interferir não só no poder de compra dos brasileiros, mas nos preços de commodities de grande consumo, como é o caso do petróleo. Os 13 países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) optaram pelo aumento do preço dos barris, colaborando para uma histórica crise petroleira.
Neste artigo vamos falar um pouco sobre essa importante organização, que ganhou popularidade graças aos elevados preços da gasolina e diesel em todo o mundo. Você já conhecia a OPEP?
O que é OPEP?
Até 1960 sete empresas petrolíferas, conhecidas como as “7 irmãs do petróleo”, tinham o controle sobre o mercado petrolífero global. Essas empresas exploravam os recursos de países com grandes reservas, definiam os preços e pagavam poucos royalties pela extração.
Neste sentido surge a OPEP, uma estratégia para propor políticas de regulação da produção e preço do produto, mas principalmente como forma de se colocar contra as estratégias das empresas multinacionais e as políticas de limitação dos Estados Unidos para as importações.
Desde sua criação a OPEP manteve nas mãos de seus países membros, um poder geopolítico gigantesco, pois a instituição reunia na época, os países que mais produziam petróleo, sendo que a maior parte deles dependiam das extrações no Oriente Médio, aliando poder econômico e político em escala mundial.
Pode-se dizer que em muitos momentos o petróleo e o controle sobre as exportações da commodity, serviram como massa de manobra para proporcionar aos países da OPEP ganhos e vitórias na conquista de seus interesses, como foi o caso na Primeira Crise Mundial do Petróleo de 1973, dando a organização o popular nome de “Cartel do Petróleo”.
Atualmente, graças à redução da dependência do comércio de muitos países, a OPEP diminuiu também a sua influência e poder sobre a comercialização, produção e consumo do óleo. Os Estados Unidos e o Brasil, por exemplo, que já foram grandes dependentes da organização, já se veem autônomos em suas negociações.
Qual a importância da OPEP?
Apesar de não exercer o mesmo poder atualmente, a OPEP ainda é responsável pelo fornecimento de petróleo para diversos países que não detém de uma autonomia para produção da matéria-prima, que de uma forma ou de outra, influencia também no controle e equilíbrio da economia mundial.
Seis dos 10 maiores produtores mundiais de petróleo estão diretamente alinhados com a OPEP e representam quase 50% da produção global, incluindo a Rússia, que aliou-se à versão estendida da organização em 2017, chamada OPEP+, de forma a aumentar seu poder de barganha.
Quais países fazem parte da OPEP?
Em sua organização original, faziam parte do OPEP os países:
- Arábia Saudita;
- Angola;
- Argélia;
- Emirados Árabes Unidos;
- Equador;
- Gabão;
- Guiné Equatorial;
- Irã;
- Iraque;
- Kuwait;
- Líbia;
- Nigéria;
- República do Congo;
- Venezuela.
Porém em 2017 aliaram-se outros 10 países em uma versão estendida, que atuam sem a posição de membros oficiais. São eles:
- Rússia;
- México;
- Azerbaijão;
- Bahrein;
- Brunei;
- Cazaquistão;
- Malásia;
- Omã;
- Sudão;
- Sudão do Sul.
OPEP e os reflexos no mercado de câmbio
Essa interferência da OPEP no fornecimento, produção e controle do petróleo mundial é muito delicada para o mercado de câmbio, porque as transações e remessas, assim como o consumo e comercialização de produtos e serviços dependem totalmente das movimentações do dólar.
Dessa forma, os investimentos em moeda estrangeira se tornam quase que inviáveis a preços atrativos, diminuindo o volume de exportações e importações pelo país. Assim como o câmbio, as bolsas de valores, por exemplo, atingem uma demanda reprimida que só pode ser suavizada com a estabilidade internacional, ou seja, atualmente o fim da guerra.
Conclusão
O Brasil ocupa atualmente a 8ª posição entre os maiores produtores de petróleo do mundo, mas ainda assim tem sua economia abalada pelos altos preços do barril. Ainda assim, os países membros discutem ações para estabilizar o mercado e acelerar gradualmente a produção, de forma a baixar os altos preços.
Entretanto, a pressão norte-americana para a expulsão da Rússia do OPEP+ parece não surtir efeito, deixando o mercado internacional inseguro quanto aos próximos passos do presidente Vladimir Putin, e os reflexos na economia mundial.
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